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Mostrando postagens de abril, 2017

Kharjas

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As kharjas são composições líricas, compostas em dialecto hispanoárabe coloquial, ou na língua romance.  Foram escritas por poetas cultos árabes e judeus, mas principalmente por mulheres aristocráticas, que usavam a lírica romance tradicional como modelo.  Assim como a cantiga de amigo, as kharjas aborgavam os temas de dor pela ausência e pelo abandono, o sofrimento amoroso, a alegria pela chegada do namorado, e etc. Vejamos um exemplo da kharja:  Yehuda Halevi Vayse meu corachón de mib. Ya Rab, ¿si me tornarád? ¡Tan mal meu doler li-l-habib! Enfermo yed, ¿cuánd sanarád? Tradução O meu coração foge de mim. Oh Deus, voltará para mim? Tão forte é a minha dor pelo meu amado! Está doente, Quando se curará? Fonte: http://folhadepoesia.blogspot.com.br/2013/08/as-kharjas-mocarabes.html https://pt.wikipedia.org/wiki/Kharja

Cantigas de Atafinda

Uma atafinda pode-de ser entendida como um verso métrico, com uma  ligação das estrofes por meio de conjunções, sem uma quebra de sequência dos versos até o fim das cantigas. A atafinda ocorre tanto nas cantigas de mestria como nas de refrão.  D. Dinis Meu amigo vem hoj'aqui e diz que quer migo falar, e sab'el que mi faz pesar, madre, pois que lh'eu defendi 5       que nom fosse, per nulha rem,       per u eu foss', e ora vem    aqui; e foi pecado seu   de sol põer no coraçom, madre, passar mia defensom; 10 ca sab'el que lhi mandei eu        que nom fosse per nulha rem        per u eu foss', e ora vem    aqui, u eu com el falei per ante vós, madr'e senhor; 15 e oimais perde meu amor, pois lh'eu defendi e mandei        que nom fosse per nulha rem        per u eu foss', e ora vem    aqui, madr', e pois fez mal sem,   20 dereit'é que perça meu bem. Fo

Cantigas de Refrão

O refrão, também conhecido como estribilho, é a repetição do mesmo verso ou conjunto de versos no final de cada cobra (estrofe), ele tem como intuito memorizar a ideia central do que se canta, e a pressuposição da existência de um coro. O refrão é umas das características da cantiga de amigo, vejamos um exemplo: Martim Codax Ondas do mar de Vigo, se vistes meu amigo?     Refrão g  e ai Deus, se verrá cedo?    Ondas do mar levado, 5 se vistes meu amado?        e ai Deus, se verrá cedo?    Se vistes meu amigo, o por que eu sospiro?        e ai Deus, se verrá cedo?    10 Se vistes meu amado, o por que hei gram coidado?        e ai Deus, se verrá cedo? Fonte: Livro: Historia Social da Literatura Portuguesa - Benjamin Abdala, página14. http://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=1308&pv=sim

Cantigas de Amigo

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As Cantigas de amigo surgiram a partir das tradições da península Ibérica, e são composições breves apresentadas por uma voz feminina, porém com autor masculino, elas são marcadas pela literatura oral, um tipo peculiar de cantigas de amigo é o das paralelísticas, que é a repetição do refrão. Falam sobre a realidade da mulher, que têm como tema o erotismo feminino, exteriorizando as suas emoções, aflições, expectativas, encontros amorosos, desencontros e etc.  Nas cantigas, a figura feminina é de uma jovem que começa a amar, ela apresenta um cenário ligado a vida popular onde, a mulher era vista como importância social, ela canta seu amor pelo seu 'amigo', amigo este que pode ser entendido como amante, pretendente ou esposo; em grande parte, faz um diálogo ou um monólogo com a suas amigas ou com a sua mãe. O tema principal é o sofrimento por amor, ela lamenta a coita (mágoa), a dor da ausência, a ansiedade pelo seu regresso, e canta a sua alegria por um encontro com ele. Veja

Cantigas de Tensão

Na cantiga de Tensão, dois trovadores narram como forma de desafiar o outro, geralmente por uma donzela, pode ser considerado parecido com o nosso cordel,e geralmente com muita sátira. João Vasques de Talaveira, Pedro Amigo de Sevilha - Ai, Pedr'Amigo, vós que vos teedes por trobador, agora o verei eno que vos ora preguntarei e no recado que mi tornaredes: 5 nós que havemos mui bom rei por senhor, 5 Nós que havemos mum bom rei por senhor e no-lo alhur fazem emperador, dizede-mi ora quant'i entendedes. - Joam Vaásquiz, pois me cometedes, direi-vos eu quant'i entend'e sei: Que a sua prez e o seu valor 10 pois nós havemos aquel melhor rei que no mund'há, porque nom entendedes todo noss'é, pois emperador for? O demo lev'o que vós i perdedes! 15 -Ai, Pedr'Amigo, eu nom perderia em quant'el-rei podesse mais haver em bõa terra e em gram poder, ca quant'el mais houvesse, mai

Cantigas de Alba

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As cantigas de Alba acontecem sempre ao alvorecer do dia, não podem ser classificadas como uma cantiga de amigo porque a voz feminina não aparece, porém devido à tantas semelhanças geralmente são consideradas como uma. As histórias costumam ser simples e terminam com uma donzela um pouco perturbada por algo imprevisto. Exemplo: D Diniz Levantou-s’a velida, Levantou-s’alva E vai lavar camisas, Eno alto, 5 Vai-las lavar alva. Levantou-s’a louçana, Levantou-s’alva E vai lavar delgadas Eno alto, 10 Vai-las lavar alva. Vai lavar camisas Levantou-s’alva O vento lhas devia Eno alto, 15 Vai-las lavar alva. E vai lavar delgadas; Levantou-s’alva O vento lhas levava eno alto, 20 Vai-las lavar alva. O vento lhas devia; levantou-s’alva meteu-s; alva em ira Eno alto, 25 vai-las lavar alva. O ventro lhas levava; Levantou-s’alva meteu-s; alva em sanha Eno alto, 30 vai-

Cantigas Pastorelas

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A cantiga Pastorela é uma subespécie de cantiga em que, o trovador relata uma cena, geralmente no campo, como observador sem intervir em momento algum nas atitudes da pastora que está apaixonada, com característica de frustração pelo desconhecido. No exemplo a seguir, a donzela está se queixando sobre o seu primeiro amor, e lamenta por ter se deitado”entre as flores”. D.Diniz Ûa pastor se queixava Muit’estando noutro dia E sigo medes falava E chorava e dizia Com amor que a forçava: “Par Deus, vi;em grave dia, Ai amor!” Ela s”estava queixando E que apesar, des quando Nacera, nom fora doita; Por en dezia chorando: ”Tu nom és senom mia coita, Ai amor!” Coitas lhi davam amores, Que nom lhe´ram senom morte; E deitou-s”antr’ûas flores E disse com coita forte: “Mal ti venha per u fores, Ca nom és senom mia morte, Ai amor!”

Cantiga de Amigo - Lírica Galaico Portuguesa (Música Medieval)

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Cantigas de Seguir

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Chamam de Cantigas de Seguir, aquelas que tomam como base uma cantiga anterior. Com palavra mais vulgar, dizemos que ela imita uma já existente. No entanto, podem também, usar esse tipo de cantiga para criticar a outra cantiga. Vejamos um exemplo de cantiga de Escárnio e Mal Dizer, classificada como de seguir, por Lopo Lias:                              Em este som de negrada                              farei um cantar                               d'ũa sela canterlada,                               liada mui mal;                              esté a sela pagada,                              e direi do brial:                              Todos: "Colhom, colhom, colhom com aquel brial de Sevilha que aduss'o infançom aqui, por maravilha".   En'este som de negrada um cantar farei d'ũa sela canterlada que vi ant'el-rei; esté a sela pagada, e do brial direi: - Todos:"Colhom, colhom, colhom com aquel brial de Sevilha

Cantigas Paralelísticas

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Podemos classificar uma cantiga paralelística quando todas as cobras (estrofes) trazem a mesma mensagem mas de construções lexicais e sintáticas diferentes. Vejamos abaixo um exemplo de cantiga de amigo, classificada como paralelística e de refrão (saibam mais em outro post), de Martin Codax:  Ai ondas que eu vim veer, se me saberedes dizer  por que tarda meu amigo sem mim?   Ai ondas que eu vim mirar, se me saberedes contar  por que tarda meu amigo sem mim? Repara-se que, nas duas cobras, o trovador passa a mesma mensagem, com léxicos distintos:  Dirigindo-se às ondas, a donzela pergunta-lhes por que tarda o seu amigo.  Fonte da imagem:  https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEimdkPCCQ4OF2gmb3G5E4UMEm8V9FhkTK5_xBy47Wj3SUl9ddhw6dKrjQCHU05o-X6VKZMpSW0zRqmIiR9x4ZSnn6hERfcal_lUDBvhxZ7Jb0D98zPXOVecDKeWc_4gldGCU05ld0NJpFhU/s1600/juglar.jpg

Cantigas de Pranto

São cantigas que servem como consolo e ou elogio sobre alguém que já morreu, na maioria das vezes em voz masculina sendo um tipo de homenagem ao falecido. Exemplo:  Nostro Senhor Deus! Que prol vos tem ora.                                                   Pero da Ponte Nostro Senhor Deus! Que  prol  vos tem ora por destroirdes este mund'assi? Que a melhor dona que era  i , nem houve nunca ( vossa madre fora ), levades  end '? E  pensastes  mui mal daqueste  mundo fals'e deslea: que, quanto bem aquesto mund'havia, todo lho vós  tolhestes  em um dia! Que pouc'home  por en   prezar devia este mundo, pois bondad'i nom val contra morrer! E pois el assi  fal, seu prazer faz quem per tal mundo fia: ca  o dia que eu tal pesar vi, já, per quant'eu deste mund' entendi , por  fol   tenh 'eu quem por tal mundo chora e por mais fol quem mais en'el[e] mora! Em forte ponto e em fort[e] hora

Cantigas de Amor

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As cantigas de amor tratam-se de uma voz masculina cantando para seu amor platônico. Antes de tudo, é preciso entender que, no século XII, o amor e a forma de se relacionar eram diferentes de hoje. Falamos de uma época, quando a igreja tentava impor o relacionamento monogâmico ( forma de relacionamento em que um indivíduo tem apenas um parceiro durante a sua vida ou durante períodos). Esse amor era platônico por causa de diferenças sociais ou, pelo homem/mulher já ter um parceiro. Era um amor cortês, experiência contraditória entre o   desejo erótico e a realização espiritual. O desejo erótico é o desejo carnal pela mulher vista como Eva, pecadora. A realização espiritual da-se pela mulher vista como Virgem Maria, boa mãe, boa dona de casa, do lar. Concluímos então que a mulher é o bem (Virgem Maria) que prova o mal (Eva).  Nesse tipo de cantiga, o  poeta fica na posição de fiel vassalo, as ordens de sua senhora, dama da corte, esse amor é considerado como um objeto de sonho, ou sej

Cantigas de Mestria

As cantigas de mestria não possuem um refrão o que quer dizer que não tem repetição em suas coblas ( estrofes) e em suas palavras (versos). Exemplo: Achou-s'um bispo que eu sei um dia                                                   Airas Nunes Achou-s'um bispo que eu sei um dia cõ n'o  eleit 'e  sol nom   lhe falou; e o eleito   se maravilhou , e foi a el e assi lhe dizia: - Que bispo sodes, se Deus vos perdom, que passastes ora per mim e nom me falastes e  fostes vossa via ? E diz o bispo: - Nom vos conhocia, se Deus me valha,  ca  des que naci e assi conhocer nom vos podia; e   por en , se me   algur   convosco achar e vos nom conhocer, nem vos falar, nom mi o  tenhades  vós  por vilania . E di'lo eleit': - Assi Deus me valha, [já todos aqui] m'ham de conhocer; e o que o assi nom quer fazer nom é bispo nem val ũa mealha; e vós tal bispo sodes,   cuido -m'eu, q